sábado, 29 de junho de 2013

INTELIGÊNCIA: PERSPETIVAS TEÓRICAS

 
  Se há área envolta em nublosas é a da cultura e se existe domínio em que as certezas são muito escassas é o da psicologia. Ninguém sabe muito bem, discute-se, o que é ser culto e também são mais que muitas as incertezas sobre o que é a inteligência. Este livro aborda o problema sobre o que significa ser-se inteligente. E fá-lo desde logo partindo de diferentes perspetivas: uma psicométrica, outra desenvolvimentista e uma terceira abordando a sua dimensão cognitivista.
   Há quem encare a inteligência como um mero potencial, outros falam de uma capacidade de resolução de problemas. Mas o rendimento e a capacidade referida dependem sobejamente de habilidades cognitivas. E há aqueles que encaram a inteligência como um atributo dos neurónios enquanto outros a veem como aprendizagem e atributo do comportamento.
   Numa primeira abordagem encara-se a inteligência como suscetivel de ser medida. Desde logo se gizaram uma bateria de teorias com o intuito de explicar e justificar essa possibilidade. Primeiramente as teorias compósitas encararam-na como uma amálgama de funções mentais necessárias no tocante à aprendizagem, à realização do indivíduo e às tarefas do quotidiano. Binet entende pois a inteligência como uma entidade global ou um quociente unitário de capacidade. Esta conceção torna possível a determinação do quociente intelectual (QI). Por seu turno Wechsler elaborou umas Escalas de Inteligência que ainda hoje são usadas pelos psicólogos.
   A teoria fatorial entende a inteligência como um traço ou aptidão simples ou então vários fatores, traços ou aptidões mentais. O grande problema reside na explicação a dar para a variância nas tarefas e testes. Outras teorias encaram um fator geral (G) para descrever a inteligência  ou no seu contraponto várias aptidões distintas e independentes. Os testes deverão ser testes fortemente saturados em G como o Teste das Matrizes Progressivas de Raven, o Teste D48 ou o Teste de Cattell. Em 1931 Thurstone advoga a existência de um número de aptidões primárias e independentes entre si. Guilford de certa maneira seguiu-o. Vernon hierarquizou-as. Cattell pegou nas mesmas ideias, desenvolveu-as e, mantendo-se fiel a uma hierarquia de fatores, falou em Inteligência Fluida (GF) e Cristalizada (GC). Uma evolução desta teoria é a proposta de Horn e Noll já em 1991. Podemos referir a teoria dos Três Estratos de Carroll como a mais recente. De facto o acordo de Cattel, Horn e Carroll configura a conceção mais sofisticada no que a esta temática diz respeito. Alguns autores chamam a atenção para as problemáticas relativas à MCP, MLP e MT na análise de todas estas questões. Igualmente se deve ter em conta a velocidade Cognitiva geral (Gs) e Velocidade de processamento (Gt) no que toca à determinação da qualidade da inteligência. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário