terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

VOLFRÂMIO

   Em Aquilino Ribeiro vemos as imagens, os cheiros e os fulgores das gentes das terras da Beira nas suas azáfamas diárias. Em «Volfrâmio» são os horizontes das vilas de Malhadas da Serra, Mouramorta e do Vale das Donas que aparecem na sua labuta quotidiana. Vemos nela contracenar o dr. Manuel Torres, afamado doutor da aldeia; o Augusto Aires, atrevido pesquisador de volfro como o são quase todos por quelas paragens. Em seu redor surgem personagens caricatas como o altivo Calhorra e os estrangeiros cujo unico interesse residia no mercadejar do importante metal tão necessário à máquina de guerra alemã ou dos aliados. Muita gente enriqueceu nessa altura, trocaram-se várias vezes propriedades, leiras e bouças mudaram de mãos. 
   Pelo meio andamos às voltas com uma história de amor. O Aires é completamente apaixonado por Teodora. Sobram peripécias envolvendo o Duarte, a Bárbara, a Polónia Fandinga, o Luis Ougado, o pe. Tadeu e a Florinda. À mistura um crime, um julgamento, um culpado. O Aires, inicialmente acusado, sai ilibado.
   Mas por toda a obra se admiram os costumes, o linguajar e o modo de viver dos beirões que nem o volfro nem os abundantes trambiques entre mr. Corbet e Hincker conseguem alterar. No fim o Fráguas, que havia sido contemplado no bem-de-alma da Bárbara, ganha uns cornos do tamanho da serra da Estrela já que a sua esposa, Solange, fugira com o Calabaz. O pobre infeliz persegue-a mas pelo caminho esquece a desditosa e fixa-se em Paulinha, filha de Hincker, a quem socorrera num pequeno infortunio rodoviário.