quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A MORAL ANARQUISTA

   
   A utopia de uma sociedade sem poder. A ilusão de um Homem transformado pela ação revolucionária. O pensamento de Kropotkine resulta imperfeito e contraditório. As suas bases negam as evidências sociais. De facto não há nada inelutável na solidariedade e não se explica como se passa do prazer próprio para níveis mais elevados de convivência social. Além do mais o autor confunde prazer com necessidade. Há uma contradição entre «prazer próprio» e «solidariedade» e não é certo que esta adquira a força de um hábito como é visível pela existência de «homens maus que maltratam crianças». Estes indivíduos têm na verdade, por vezes, uma imensa trupe de seguidores. O autor impele à ação mas reconhece a existência de sentimentos contrários. Não consegue demonstrar como a sã convivência social implica uma sociedade sem autoridade.



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O REBATE

   Romance escrito por José Rentes de Carvalho cuja ação se desenrola em trás-os-montes numa aldeola isolada pelas montanhas e que se vê afetada na sua pacatez por uma francesa amalucada que entretanto se havia casado com um emigrante, dileto filho da terra.
   A vetusta localidade é sobressaltada pela bela moradia que o Valadares manda lá construir, pelo dinheirame que ele ganhara em terras de frança e pela sua belíssima esposa, Louise, cujos hábitos um tanto mundanos e costumes ousados veem perturbar a vida dócil e monótona dos aldeãos. Desencaminha todos os homens da terra,  permite-lhes todo o tipo de liberdades e subleva as suas quietas esposas. Banha-se nua no riacho da vila, participa em borgas e beberetes e sedu-los para a vida fácil que se leva lá por fora. O sino tocando a rebate traduz o simbolo dos valores postos em causa e a aldeia outrora bucólica jamais será a mesma depois de conhecer a tresloucada forasteira. Os casamentos desfazem-se,  os jovens entregam-se a sonhos e ilusões, as relações entre as pessoas alteram-se e até o padre acabará por desistir do sacerdócio duvidando da sua vocação.
   A obra constitui um poderoso retrato da ruralidade do Portugal salazarista, parado no tempo, desconfiado mas permeável ás novidades e ao progresso. Bom documento de época é um testemunho de um país que, para o bem e para o mal, já não existe.