quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O ANTICRISTO

   Para Nietsche o cristianismo é a causa de toda a decadência humana. O poder é bom e é feliz aquele que o vê crescer. Os padres travam uma luta de morte contra o homem superior que aqui se defende. Só este homem superior é digno de viver e de a si tudo submeter. Mas a evolução da humanidade tem sido feita em sentido inverso. O homem forte, seguro e superior está cada vez mais distante. Uma religião de compaixão não pode gerar este homem superior nem defender os valores essenciais de uma vida digna sendo-lhes mesmo hostil.
   A verdade foi totalmente subvertida por teólogos e Idealistas. Os padres defendem o que é falso. Mesmo na Alemanha a filosofia está corrompida por teólogos e outros clérigos e nem mesmo kant escapa às investidas de Nietsche. O mundo das essências é falso e é um velho astuto aquele que o sustenta.
   Manifesta-se contra Kant e outros idealistas que segundo ele propagam falsidades e os seus postulados são fruto da imaginação. Os teólogos também não possuem qualquer critério de verdade. A filosofia encontra-se corrompida pela religião e padres e filósofos são metidos no mesmo saco. Tem uma fé inabalável na ciência tal como os sus contemporâneos mais esclarecidos e acusa os clérigos cristãos de atropelarem o espírito cientifico. A alma num invólucro mortal é puro engano. Só a matéria conta. O aniquilamento dos sentidos é uma coisa vã e fútil. Deus não aparece como bom mas antes como o centro da decadência. O cristianismo é uma religião de pobres, cansados, falhados e tolos.
   Eis um filósofo que desconfia dos filósofos. Para ele o Budismo é superior ao Cristianismo. Esta religião constata o sofrimento não o explica. Por isso é uma religião incompleta. Parece-me que nem sequer se trata de uma religião. É apenas uma filosofia piedosa. Mas voltemos a Nietzsche: continuam as diatribes contra o Cristianismo. O mal está no sacerdote e a moral do mundo coincide com a sua vontade. E em servir o seu poder. O pecado é definido pela escritura. Ele falsifica a história. A realidade deve ser tocada mas é errónea a forma como o autor encara a realidade sensível. Não admira que não goste dos Idealistas. A superficialidade está patente em toda a sua obra.
   O Cristianismo é uma realidade interior desfasada de todo e qualquer contacto com o mundo sensível. Há uma manifesta dicotomia entre a nossa época e os alvores do Cristianismo. O autor defende que a humanidade não deve ser anticristã unicamente por inconveniência. Nietzsche odeia e despreza o homem do seu tempo tão aviltantemente cristão embora ele mesmo reconheça as debilidades da religião.
   O Cristianismo falsifica a história de Israel e a igreja falsifica a história da humanidade. Os cristãos julgam os outros ao contrário do que propaga a sua sã doutrina e elogiam-se a si próprios. Pilatos passa por ser a figura mais insigne de todo o Novo Testamento ao fazer a pergunta idiota: «o que é a verdade?» Para o autor a fé é uma mentira e o Cristianismo inimigo da ciência. A ciência é pecado e o sacerdote reina graças à invenção do pecado. Nietzsche pensa que é indecoroso demonstrar a salvação pela fé.