sábado, 30 de novembro de 2013

INTRODUÇÃO ÀS LIÇÕES SOBRE HISTÓRIA DA FILOSOFIA

   A uns as lições de Hegel parecem abstrusas e complicadas, a outros porém de uma pureza e clareza cristalinas. Mas Hegel nunca escreveu verdadeiramente umas lições. Esta obra resulta, isso sim, de apontamentos dispersos de alunos seus, contributos vários e composições editoriais. Nela é analisado o devir e a expressão dele do espirito absoluto no que à história da filosofia diz respeito.
   O autor começa por lamentar que as pessoas se dediquem a coisas mundanas em detrimento dos assuntos do espírito mas tem esperança que estas dificuldades que enfrenta a filosofia se desvaneçam com o tempo. E o seu tempo é o das revoluções, do iluminismo, da razão, da revolução que a França fez e a Alemanha pensou. Refere que a história da filosofia deve narrar os factos mas não  se deve ater a tal desiderato sob pena de se encerrar numa reflexão pobre e gasta. Sobre a filosofia há as mais diversas perspetivas  e não nos devemos circunscrever a uma historização acrítica do pensamento filosófico e sim estabelecer uma conexão dos seus diversos estádios e mundividências várias. Urge determinar o âmbito da filosofia e da sua história. 
   A filosofia é o resultado do trabalho das gerações precedentes. Trata-se da herança imemorial que é o que traduz a racionalidade. Essa tradição constitui tudo o que o mundo espiritual produziu e vai sendo simultaneamente enriquecido e conservado. O espirito do mundo exprime-se através do pensamento sendo certo que aquele que se ocupa de si mesmo é o mais nobre. A sua verdade é intemporal.
   Mas a autonomização da história da filosofia encerra dificuldades desde logo porque em tudo aquela se distingue desta. Na verdade enquanto a história versa o transformável e o contingente a filosofia capta o universal.