sábado, 13 de outubro de 2012

DIÁLOGOS SOBRE A RELIGIÃO NATURAL


   David Hume, um dos mais notáveis filósofos empiristas do século XVII, escreveu este magnífico livro discorrendo sobre o valor, a validade e o exercício da religião. É assim uma das mais famosas das suas obras onde ele avalia sobretudo o argumento do desígnio como demonstrativo da existência de uma deidade. São mais de cem páginas em forma dialogar em que se assumem como protagonistas FÍLON, CLEANTES e DEMEA.
   O autor critica a possibilidade de nos basearmos neste argumento para afirmar um deus sumamente bom, poderoso e omnisciente superior e anterior a todas as coisas. São imperfeitos os instrumentos racionais de que nos servimos nas nossas reflexões e meditações no entanto afiguar-se-ia absurdo rejeitar estes mesmos instrumentos que são aqueles de que nos podemos valer. Não se constitui solução para o aparente problema da sua limitação.
   A argumentação de Hume tem como base a tentativa de demonstrar a fraqueza da analogia neste argumento e as contradições e incongruências desse raciocínio. É errado tornar-mo-nos o modelo da deidade. Debate-se o antropomorfismo e a existência de uma ou várias deidades, ambas hipóteses possíveis. Encara-se como um sofisma dificultoso o argumento da regressão «ad infinitum». Apresenta-se objeções relativamente à hipótese de se considerar o universo semelhante a um animal ou corpo organizado movido pelo princípio da vida e do movimento idêntico. Os intervenientes discorrem se o universo provém, como qualquer animal ou vegetal, da geração ou da vegetação e se isso prova o desígnio inteligente. Considera-se a cosmogonia epicurista encarando no entanto a matéria como finita mas tem-se por frágil a analogia. Rebate-se por inconsistentes os argumentos da existência necessária e da explicação suficiente. Reflete-se, finalmente, sobre a miséria humana e o problema do mal. É apresentado mais uma vez o paradoxo de Epicuro.
   Sem qualquer conclusão plausível envereda-se pela suspensão do juízo.
                                                                                

Nenhum comentário:

Postar um comentário