quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O REBATE

   Romance escrito por José Rentes de Carvalho cuja ação se desenrola em trás-os-montes numa aldeola isolada pelas montanhas e que se vê afetada na sua pacatez por uma francesa amalucada que entretanto se havia casado com um emigrante, dileto filho da terra.
   A vetusta localidade é sobressaltada pela bela moradia que o Valadares manda lá construir, pelo dinheirame que ele ganhara em terras de frança e pela sua belíssima esposa, Louise, cujos hábitos um tanto mundanos e costumes ousados veem perturbar a vida dócil e monótona dos aldeãos. Desencaminha todos os homens da terra,  permite-lhes todo o tipo de liberdades e subleva as suas quietas esposas. Banha-se nua no riacho da vila, participa em borgas e beberetes e sedu-los para a vida fácil que se leva lá por fora. O sino tocando a rebate traduz o simbolo dos valores postos em causa e a aldeia outrora bucólica jamais será a mesma depois de conhecer a tresloucada forasteira. Os casamentos desfazem-se,  os jovens entregam-se a sonhos e ilusões, as relações entre as pessoas alteram-se e até o padre acabará por desistir do sacerdócio duvidando da sua vocação.
   A obra constitui um poderoso retrato da ruralidade do Portugal salazarista, parado no tempo, desconfiado mas permeável ás novidades e ao progresso. Bom documento de época é um testemunho de um país que, para o bem e para o mal, já não existe.

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