quarta-feira, 31 de julho de 2013

MENINA JÚLIA

   No prólogo o autor faz umas pertinentes considerações sobre a emergência do teatro e a arte de montar uma ilusão. Refere técnicas, modos e singularidades.
   A peça em si é muito breve. Incorpora três personagens: dois criados e uma fidalga filha de um aristocrata condal. A tresloucada moça herdou um temperamento difícil rejeitando como abstrusas as diferenças entre macho e fêmea no que à relevância social dizem respeito. Gera-se um curioso diálogo com um criado, prometido a outra serviçal da casa. Entre copos e conversa a menina Júlia perde-se de amores por João (assim se chama o criado) que a insta a fugir com ele na esperança de uma vida nova, novas aventuras e liberdade para os dois. Cristina percebe a tramoia e torna-se um elemento incómodo nos planos que gizaram e não concebiam lugar para ela.
   Sobressaem considerações sociais, reflexões sobre a humanidade de cada um e a convicção de serem de condição dissemelhante mas de fortuna e destino idênticos. Prova-se que a sensatez não escolhe classes, estatuto ou riquezas. A obra lança interrogações, abre-se às interpretações do público e tem a capacidade de perturbar a sociedade nos seus vícios, dissimulações e fantasias.


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