terça-feira, 12 de julho de 2016

NANA


   Eis a estória duma atriz mundana, banal mas suficientemente interessante para ser capaz de seduzir qualquer homem. A sua graça, a sua voluptuosidade e o seu charme conseguem derreter todos os corações.
   A «Vénus loura» é o acontecimento do ano. As pessoas acotovelam-se para comprar bilhete. Bordenave dá-lhes as boas-vindas ao que ele chama o seu bordel. Fauchery, o jornalista, e Hector estão ansiosos. Daguenet igualmente. A sala está cheia. Nos camarotes vislumbram-se os críticos e muita mais gente. Lucy também está lá com Caroline Hequet e sua mãe e Labordette. Mas Nana é a pessoa mais falada entre o público. Todos esperam a sua entrada em cena. Finalmente aparece no papel de Vénus. Subitamente a sala apupa aquela voz horrorosa e aquela falta de jeito. Mas Nana com uns truques baratos consegue fazer render o público que detesta a peça ao sair da sala aos tropeções para o primeiro intervalo. No segundo ato  a sala veio abaixo com gargalhadas e o sucesso foi tal que tudo foi permitido aos modos desajeitados de Nana. Era o intervalo para o último ato. À saída todas as pessoas íam satisfeitas. O crítico de lábios finos fazia o seu trabalho. Os cafés do boulevard enchem-se. De volta à sala Nana aparece nua e causa sensação geral. No final todos querem conhecer a atriz de quem já há tanto tempo ouviam falar.    
   Cada senhor tem um dia e uma hora para aparecer na casa de Nana. São eles quem a sustenta. É sempre um corropio na casa da atriz. Os credores também não lhe largam a porta. Mas Louis é o seu menino que ela tivera aos  dezasseis anos e que entregara a uma ama. Nana quer recuperar o menino da ama a quem tem de entregar trezentos francos. O petiz devia ficar a viver com a sua tia, a senhora Leurat. A senhora Tricon dá-lhe a possibilidade de conseguir os quinze luízes. Fauchery escrevera no «Fígaro» uma crónica elogiosa.
   A senhora Maloir esperava na sala. É a hora do almoço. Nana envia uma carta inflamada a Daguenet. Muitos senhores veem visitá-la mas ela ausentou-se pela escada de serviço para ver se conseguia o dinheiro. Eram o Steiner, o moreno, o marquês de Chouard, o conde de Muffat eu rapazito. Muitos outros também aparecem. A casa fica cheia de gente. As velhotas continuavam a jogar às cartas. Nana consegue quatrocentos francos. O marquês e o conde vinham num peditório para os pobres do bairro. Nana deu-lhes cinquenta francos. A campainha não parava de tocar. Zoe despacha as visitas a pedido da senhora. Mas Georges Hugon, o rapazito, continuava à espera. Nana, divertida, recebeu dele um ramo de flores. Labordette entrou. Francis, o cabeleireiro penteava a atriz. Nana entra em cena no Variedades às nove e meia.

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